quinta-feira, 4 de novembro de 2010

As Aventuras de Antoine Doinel

Por Pachá
Para aqueles que gostam do cinema de Truffaut e tiveram a curiosidade de saber sobre a vida do diretor, conhece sua difícil infância. Essa parte de sua vida está bem retratada, ou pelo menos bem filmada em os Incompreendidos (Les 400 Coups) de 1959 seu primeiro longa metragem. O ator Jean-Pierre Léaud se tornou o alter ego de Truffaut, no papel de Antoine Doinel, que a partir de Les 400 Coups  Truffaut criou as aventuras de Antoine Doinel com os seguintes filmes; Beijos Roubados (Baisers Volés) de 1968, Domicile Conjugal de 1970, L'mour en Fuite de 1979.

 1959 - Les 400 Coups é o primeiro filme da quadrilogia que narra; infância, adolescência e vida de adulta de Truffaut encarnada na pele de seu alter ego Jean-Pierre Léaud no papel de Antoine Doinel. O período em que o diretor retratou de sua vida é por ele mesmo, um dos piores de sua vida. Pois foi a época em que viveu com  padrasto e sua mãe, que nunca quis ter filhos e o rejeitou desde o nascimento. O filme retrata a exclusão social, flerta com neo-realismo misturado, ainda que ele tente renegar, com o realismo poético francês, mas que ainda sim subverte as regras do cinema francês, contribuindo para o estilo Nouvelle Vague e juntamente com Acossados de Godard cujo roteiro é de Trffaut, mudaram a forma de fazer cinema na França. Les 400... veio a coroar ideias que o próprio Truffaut havia lançadas em uma critica ao cinema tradicional francês na revista  Cahiers du Cinéma em 1954, e que lhe rendeu fama internacional de critico de cinema.

1968 - nessa época Godard e Traffaut já não se falam mais. Godard acusa Truffaut de falta de militância e filmes ruins e Truffaut acusa Godard de não ser uma boa pessoa. Em beijos Roubados Truffaut dá continuidade as aventuras de Antoine Doinel e flerta com cinema espetáculo, sem engajamento político ou militância, enquanto Godard assume suas inclinações maoista. Esse conturbado período entre os principais nomes do Nouvelle vague está bem retratado no documentário Godard, Truffaut, Nouvelle Vague. O cinema de Truffaut sofre imensa influência em 1968 e dai ele passa a utilizar a máxima de que o cinema deve cumprir seu papel principal que é o entretenimento. Embora Beijos Roubados não tenha a profundidade de Les 400 Coups, é um ótimo e idílico retrato do cinema de entretenimento. Aqui Antoine recém saído do exército busca emprego no intuito de acertar vida profissional e amorosa. Ele esta sempre tentando suprir carência de sua difícil infância. Seu relacionamento com Christine  (Claude Jade) é conturbado e ao mesmo tempo carregado de senso de humor e de uma paixão que não fica muito explicita para Christine e confunde até mesmo o telespectador.

1970 - Domicile Conjugal acompanha a trajetória de Antoine Doinel agora casado com Christine (Claude Jade). Antoine luta para se fixar em um emprego e ajudar a esposa que dá aula de violino. Logo Christine fica grávida e Antoine consegue, é bom frisar de forma hilária, um bom emprego em uma multinacional americana. A máxima de Truffaut é seguida a risca, o entretenimento. O filme assim como Beijos Roubados tem certos flashbacks dos filmes anteriores e possui uma aurea de comédia dramática que ainda sim não tira o aspecto sonhador e romântico do filme, que proporciona um ótimo espetáculo. A técnica de filmagem de Truffaut é simples, mas provém de cuidadosos planos e cortes dando a história ritmo e leveza que é dificil não se encantar.


1979 - Truffaut volta com o último capitulo das aventuras de Antoine Doinel, L'amour en Fuite (Amor em Fuga). Agora o nosso dinâmico e despojado herói tem mais de trinta anos, tem emprego fixo em uma gráfica de jornal, tem um romance publicado, romance este iniciado em Domicille Conjugal, que foi a forma que nosso herói encontrou para exorcizar seus demônios, mas isso custou a separação com a sensata Christine. Entra em cena a bela e meiga Sabine (Dorothée) por quem Antoine está apaixonado, mas ele começa a ser visitado por lembranças do passado quando encontra a sua primeira paixão, Colette (Marie-France Pisier). Os planos longos e abertos de câmera é sutil o que ajuda a criar um clima  de beleza cinematográfica muito copiado por Hollywood.


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